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O dia em que o setor elétrico quase entrou em colapso

O dia em que o setor elétrico quase entrou em colapso

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O dia em que o setor elétrico quase entrou em colapso

‘Excesso’ de energia solar e leilões parados no governo criam risco para o sistema

Fonte: O Globo

No domingo do Dia dos Pais, no início deste mês, o setor elétrico brasileiro passou por um estresse na sua operação que poderia levar a um colapso momentâneo. Foi uma situação causada por um excesso de geração de energia por painéis solares e a falta de controle que o operador do sistema tem sobre esses aparelhos.

A situação chamou a atenção de técnicos e reforçou, segundo eles, a necessidade de uma revisão no modelo em vigor hoje no país. O período mais crítico foi entre 13h e 13h30 daquele domingo, mostra documento do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) ao qual O GLOBO teve acesso.

Naquele momento, a geração distribuída (a produção de energia descentralizada, como a feita em painéis solares residenciais), foi responsável por 37,6% da demanda. O consumo estava baixo por conta da data, que reúne pessoas e desliga grande parte da indústria.

Com a elevada a geração de energia em telhados, o ONS reduziu a produção de hidrelétricas e termelétricas e cortou 98,5% do potencial de geração de energia eólica e solar centralizadas (em usinas) estimado para aquele horário — o comando dado pelo operador, aliás, foi para paralisar completamente a produção dessas usinas renováveis.

Restaram apenas 2 gigawatts (GW) de geração flexível para ser manejada pelo ONS naquele momento. Se essa margem fosse consumida, o operador teria que violar restrições técnicas, como operar usinas abaixo do mínimo seguro ou desrespeitar limites técnicos de linhas transmissão, coisas que comprometem a segurança do sistema. Um risco para o sistema.

Além disso, o ONS precisa manter uma quantidade de usinas conectadas e operando para garantir o controle de potência reativa e inércia do sistema, visando a segurança da operação elétrica — o que não é possível com sistemas descentralizados.

O ONS fez o documento para alertar para a necessidade de mudanças regulatórias que possibilitem coordenar de modo mais efetivo os recursos energéticos distribuídos. Segundo o órgão, isso é necessário “para assegurar a confiabilidade do atendimento eletroenergético” do sistema, mesmo na ocorrência de cenários críticos.

O evento do Dias dos Pais neste ano se deu com um consumo muito baixo, mas o contrário também é desafiador. Em outros momentos da semana, existe uma alta demanda de energia e por vezes queda na geração de solar e eólica por questões naturais. Seria necessário fazer leilões recorrentemente de energia, para garantir a segurança do sistema, mas isso está parado dentro do governo.

As duas situações reforçam a necessidade do avanço de uma agenda estrutural para o setor elétrico, inserção de novas tecnologias como baterias e ressalta os desafios da transição energética no país.

A discussão passa sobre como a regulação e a tecnologia precisam se adaptar nessa nova realidade, para garantir a segurança operacional nos momentos críticos

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